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Seminário na UEFS marca 10 anos da chegada do Zika vírus a Feira de Santana

 


Para marcar os 10 anos desde os primeiros casos de Zika vírus em Feira de Santana, será realizado o seminário “Zika: uma Década Depois – Ciência e Vozes que Transformam”, nos dias 13 e 14 de agosto, no auditório IV, módulo VI da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). O evento é promovido em parceria entre a UEFS e a Secretaria Municipal de Saúde.

O objetivo é reunir pesquisadores, profissionais de saúde e familiares de crianças com a síndrome congênita do Zika para debater os avanços, os desafios e as perspectivas sobre a doença que impactou profundamente a cidade e o país.

Programação

A abertura acontece no dia 13, às 9h, com a conferência “Primeiros relatos da Zika na Bahia”. Na sequência, haverá duas mesas-redondas:

  • “Respostas locais e estaduais à emergência do vírus Zika”

  • “Impactos clínicos e epidemiológicos: da emergência à vigilância integrada” (a partir das 14h)

No dia 14, das 9h às 11h30, o evento realiza o “Café com Discussão: vozes das famílias afetadas”, com a presença de mães e crianças com a síndrome, além de gestores e pesquisadores. O momento propõe uma escuta ativa e troca de experiências entre os envolvidos.

Uma década de aprendizados e desafios

Coordenadora do evento, a professora Erenilde Cerqueira destaca a importância da parceria entre UEFS, Secretaria de Saúde e Fiocruz no desenvolvimento de pesquisas que ganharam destaque internacional, contribuindo para a vigilância e o entendimento da doença.

“Embora a Zika seja uma doença autolimitada, em alguns casos pode causar complicações severas, como a síndrome de Guillain-Barré e alterações congênitas, como a microcefalia”, explica.

Mesmo com a redução de casos nos últimos anos, ela alerta que o risco permanece:

“O vetor ainda está presente. Se o vírus for reintroduzido, há um grupo de pessoas suscetíveis à infecção.”

“Como um tsunami”

A enfermeira Ana Luiza de Melo, da Vigilância Epidemiológica de Feira, relembra os primeiros casos registrados em 2015:

“Foi como um tsunami. Já enfrentávamos dengue e chikungunya, e, de repente, lidamos com uma doença que, silenciosamente, afetava o desenvolvimento neurológico fetal.”

Segundo ela, os primeiros sinais surgiram com o aumento de nascimentos com microcefalia e outras alterações neurológicas, antes sem causa definida.

Rede de cuidado e acolhimento

A resposta do município incluiu a criação de uma rede integrada de investigação e assistência, com exames realizados em parceria com o Hospital da Mulher e o Lacen. Também foi implantado o Projeto Aconchego, voltado ao acompanhamento multiprofissional das famílias afetadas.

“Na época, 56 crianças foram classificadas como expostas. 23 tiveram a síndrome confirmada. Outras 23, mesmo com causas distintas, apresentavam comprometimentos neurológicos. Oito óbitos foram registrados”, detalha Ana Luiza.

Atualmente, 30 crianças são acompanhadas no ambulatório de infectologia do município. O atendimento inclui neuropediatra, pediatra, assistente social e suporte emocional para as famílias.

“Essas famílias se reinventaram. Vivem um dia de cada vez, enfrentando desafios, internações frequentes e incertezas sobre o futuro”, finaliza a enfermeira.

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